Pensamentos

Se encerra a primeira parte

Eu estou feliz de estar encerrando o Workaway.

Hoje é dia 8 de abril de 2024, e em quatro dias minha assinatura da plataforma de intercâmbio voluntário, a Workaway, se encerra. E sim, eu afirmo que estou feliz, porque isso representa uma fase da minha vida e da realização dos meus sonhos que se encerra.

Quando assinei a plataforma, lá em 12 de janeiro de 2023, foi pra tornar real a realização de dois dos meus maiores sonhos da vida, fazer um intercâmbio, “um salve e um abraço bem apertado na Thuany de 12 anos que acompanhava intercâmbios de High School na Inglaterra, Estados Unidos e Canadá através de diários em blogs e no youtube“, e viajar pra Europa. Eu já tinha criado o meu perfil em 21 de dezembro de 2022, assim como também criei um perfil na Worldpackers, porém eu só poderia aplicar para as vagas se assinasse a plataforma no valor de $49.

E da união de querer trocar de emprego, querer realizar sonhos, um nível de estresse altíssimo e o cansaço de ver o tempo passar sem fazer nada que decidi que 2023 seria o ano em que eu realizaria meu grande sonho. Eu não lembro ao certo, mas acredito que cheguei no mundo do voluntariado porque acompanhava a Renata Meins, que era amiga da Marcia Percival, que um dia mostrou que a Patrícia Vogt estava se mudando da Austrália para Inglaterra. A verdade é que em todas as fases da minha vida, estou acompanhando algum brasileiro que mora fora, e nesse momento estava consumindo muito conteúdo da Austrália.

Com os conteúdos da Patrícia conheci o mundo do voluntariado, conheci o perfil da Ana Sitta também e alguns mais, mas esses foram os principais. Nesse meio tempo comprei cursos pra me ajudar a aplicar e também pra ter coragem de fazer valer o valor investido. Foi um percurso no qual tive erros e acertos, não faria certas coisas novamente, mas a verdade é que quando algo é novo tenho a necessidade de me sentir o mais segura que consigo e acabo não metendo a cara em coisas que depois vejo serem muito simples.

Quando decidi que iria realizar meu sonho, pedir as contas e investir todo o dinheiro que guardei por não sei quanto tempo, eu decidi também que precisava de uma ajuda para reduzir custos. Eu queria passar o máximo de tempo viajando pra poder desenvolver o Inglês e para ter a experiência de morar na Europa.

Lembro que uma das minhas principais dúvidas no início era o local, onde eu iria realizar o meu sonho. Desde muito nova sempre quis conhecer Londres, mas com a maturidade entendi que começar num lugar frio e cinza poderia tornar a minha experiência tão sonhada em algo não tão agradável assim.

Quando decidi Malta pelo clima similar ao brasileiro e pela língua, não sabia onde estava me enfiando. Comprei minha primeira passagem sozinha e paguei bem caro, mais de 6k, e olha que iriam me ajudar a comprar por 10.

Mas e o Workaway? A plataforma era o caminho para eu baratear minha viagem e viver a experiência do intercâmbio cultural, e não somente o turismo. Minha assinatura vence em quatro dias e não tenho a menor pretensão de renovar, por isso quero deixar registrado na memória algumas coisas.

Quando paguei pela minha assinatura pensei que ela duraria 12 meses, mas pelo visto estava na promoção de quinze meses.

A primeira aplicação, seguindo o modelo do ONI. Pensei que daria super certo, mas na verdade nunca fui respondida:

A vaga que quando vi, quis na hora mesmo, e foi a que se tornou o intercâmbio dos sonhos ❤

Lembro até hoje da emoção que precedeu tudo o que veio depois, as crises de nervosismo e ansiedade. Mas fica para um post solo.

O sonho se realizou, emendei Inglaterra, Itália e Paris pra fechar. Retornei ao Brasil com vontade de já voltar pra Europa. Quando ainda estava em Londres, tentei aplicar no Workaway para continuar viajando, mas não rolou. Então, no dia 18 de fevereiro de 2024 resolvi que queria viajar novamente, e de novo, mas principalmente agora, precisava muito baratear os custos. Não era o meu destino dos sonhos, nem as vagas mais interessantes. Para Malta muitas me chamaram atenção, mas pra Espanha declinei a maioria das opções. Cheguei a receber retorno de uma vaga que a Kinga, workawayer que conheci em Malta, havia feito, mas não foi pra frente. Então, a oitava e última vaga que apliquei me respondeu depois de 11 dias.

Foi aí que tudo se tornou real novamente, e quase que permaneceu só em sonhos também. A Espanha não é nem de longe o país dos meus sonhos, nem um país querido, talvez precise conhecer mais, mas não viria aqui tão cedo. Apenas não é a minha vibe. Conheci Madri e Barcelona e não me apaixonei por nenhuma das duas, mas encontrei e vou encontrar amigos, vi turistas bonitos, vi o estádio do Real Madrid e do Barcelona, me hospedei em hostels e fiquei forçadamente sem tomar banho também.

O meu primeiro intercâmbio voluntário foi um sonho, mas só depois dos primeiros 17 dias, fiquei lá 74 dias no total, 75 se contar a primeira noite que dormi em Valletta. Chorei, cogitei que tivesse tomado a pior decisão da vida, senti falta do Brasil, senti frio, me senti sozinha. Depois me senti muito feliz, conheci muita gente, destravei o Inglês, comi comidas diferentes, fiz amizades queridas, morei numa casa maltesa de 300 anos que tinha muito pó todos os dias, mas que era linda. Me apaixonei, fiz snorkeling, vi um polvo nas rochas, fui num festival de vinhos, nadei pelada, tomei muito sorvete, conheci a Cittadella, aprendi a pilotar scooter, me senti em casa, chorei no dia de ir embora.

O Workaway me proporcionou isso. Mas tudo isso também vem com uma dose de ansiedade, de medo, de preocupação com o financeiro. O início num lugar que não é seu, com uma rotina diferente, se sentindo uma intrusa é bastante amedrontador. A espera por um sim, numa vaga que talvez nem seja tão boa assim, a sensação de solidão, os sentimentos de intrusão, os olhares xenofóbicos, são coisas que também devem ser levadas em consideração. Dos prós e dos contras, do que quero para mim, do que já vivi e do que estou vivendo, sei que hoje não tenho mais a intenção de fazer um intercâmbio voluntário, que não quero mais me apegar a isso como se só dependesse de uma vaga pra viajar.

Hoje sei que não preciso permanecer tantos dias numa só cidade que muitas vezes não é tão legal pra desperdiçar o seu tempo assim. Sei que posso viajar sozinha só para turistar e depois voltar pra casa, enquanto não me mudo 😉

Minha segunda experiência num intercâmbio voluntário está sendo bem diferente da primeira, mas essa é só por 30 dias, e 7 já se foram. Não tem tantos prós quanto a outra, na verdade o melhor mesmo é ter comida e moradia. Quando decidi que viria, também decidi que não planejava mais viajar dessa forma, e chegando aqui só constatei que de fato é o que eu quero.

Por isso estou feliz, minha assinatura está se encerrando, talvez eu não tenha mais acesso ao meu perfil ou as mensagens trocadas com anfitriões e colegas de viagem. De 32 janelas de mensagens, 4 foram anfitriões que entraram em contato comigo, 3 só agora na Espanha, nenhuma de grande interesse, talvez ensinar Português na França, mas sem dinheiro para me deslocar, uma em Malta pra cuidar de uma menina na Itália, fiquei tentada, mas não tinha visa pra permanecer lá por um mês. As outras 28 mensagens foi eu que enviei, e duas se tornaram realidade. Um percentual de 7,14% de sucesso. Quando me venderam um curso de IV, falaram que nunca tinham sido recusados, pelo visto eu fujo da regra.

Não vou ter mais a ansiedade de procurar vagas, de ficar olhando no chat se a mensagem foi visualizada, de ter que falar com colegas doidos que usam a plataforma pra flertar. Esse ciclo se encerra. A verdade e que nesse tempo de assinatura constatei que a plataforma é bastante defasada, os anfitriões não tem compromisso de resposta, alguns nem seguem as regras de horário e dias de folga, muitas vagas tem mais obrigações que benefícios. Essa de agora mesmo tem a regra de três banhos quentes por semana, mas nem frio eu estou tendo e se soubesse disso na descrição da vaga sequer teria aplicado.

Em breve acaba, tenho motivos que me fazem não querer permanecer com o WA, e também tenho planos diferentes de viagem agora.